Amizade verdadeira.


A chuva já havia cessado. Levanto da cama e toco meu tapete roxo com minhas pantufas, caminho até a janela. É cheiro de terra molhada que invade meu quarto. A brisa fria e gostosa bate em minhas bochechas e brinca com os meus cabelos.
Passei a manhã e toda tarde em meu quarto, melhor dizendo... Meu mundinho em roxo e branco. Ouvi não sei quantas músicas, de não sei quantos estilos. Folhei livros. Minhas leituras atrasadas. Bebi chá! Muito chá!
Mas deu vontade de sair um pouco. Troquei meu pijama... Por jeans, camisa, botas e um casaco.
Deixei um bilhete na porta da geladeira e sai. Com um caminhar vagaroso, chego à praça que há um pouco longe de casa. Nem fico surpresa com todo aquele vazio, diferente dos dias de sol... Repletas de crianças, adultos e muitos cachorros.
Me aproximo do balanço espano algumas folhas existentes com as mãos e sento. Começo a me balançar devagar. Reclino um pouco a cabeço e fico a olhar o céu. Ainda havia muitas nuvens, mas acredito que não choveria mais. Não por enquanto.
Fecho os olhos por um instante, mas os abro logo em seguida quando ouço alguém me cumprimentar. E sorrio genuinamente feliz ao perceber que era seu Juca, o moço da pipoca. Devolvo o cumprimento com um sorriso e percebo que ele estava com seu carrinho de pipoca. Com toda minha curiosidade que faço uma pergunta.
- O que faz aqui com seu carrinho?! Não imaginou que a praça poderia está vazia?!
- Sim, mas quis vir assim mesmo. Bom... Toma esse saco pra te alegrar.
- Agradeço, mas deixei a carteira em casa.
- Tudo certo. Esse é de graça.
- Obrigada seu Juca. –digo pegando a pipoca.
Era doce, e lembrei-me da minha amiga Duda. Sua predileta. Acho incrível a capacidade de Duda comer não sei quantos saquinhos de pipoca e depois fazer a cara de enjoo mais engraçada que já vi. Para logo em seguida comer mais.
-Me diga o motivo da sua carinha triste?!- perguntou seu Juca sentando no balanço vago ao meu lado.
-Briguei com a minha amiga.
Por um motivo tão bobo, que nem preciso mencionar. Nem sei quantos dias não nos falamos, ela não telefona e eu também faço o mesmo. No intervalo do colégio cada uma fica em seu canto.
- Olha, se a amizade de vocês for mesmo verdadeira... Tudo se acertará.
- Obrigada.
- Vou caminhar mais um pouco.
-Certo. –respondo comendo um pouco de pipoca.
- Fique com mais um saquinho de pipoca doce.
- Obrigada.
- Nem precisa agradecer.
Dizendo isso, seu Juca sai empurrando o seu carrinho. Com a cabeça baixa, observo minhas botas. Estava para comer mais um pouco de pipoca quando alguém fala comigo.
- Guardando esse outro saquinho pra mim, comilona?!
Levanto a cabeça e respondo com um sorriso largo.
- A comilona aqui é você.
- Oi Cissa.
- Oi Duda.
Duda senta no balanço ao meu lado, sou eu que quebro o silêncio que se instalara.
- Precisamos...
- Conversar, eu sei. –completa minha amiga. –Brigamos por um motivo tão bobo.
- Eu sei, eu sei.
- Pensei em te ligar várias vezes.
- Mesmo?!
- Sim. Mas o orgulho bobo não deixava.
- Também não liguei pelo mesmo motivo.
- Somos duas bobonas. –diz rindo.
- Concordo.
- A verdade é que não tem graça ver meu vizinho dançando, todo desengonçado sozinha. Preciso da tua companhia Cissa.
- Também.
- Então... Amigas de novo?!
- Com toda certeza.
Levantamos dos balanços e nos abraçamos forte. Dei o outro saquinho de pipoca para Duda e saímos andando sorridentes. E fiquei feliz pela nossa amizade ser verdadeira e não se desmontar por uma coisa tão pequena.

3 comentários:

  1. que bonito! *----*


    quando a amizade é verdadeira, tudo se acerta :)

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  2. Olá.
    Adorei seus posts....tudo muito lindo por aqui. Bjs e boa quinta

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  3. meus parabéns pelo blog nao tenho outra alternativa se nao seguir passa no meu ? http://www.vivendonocapricho.blogspot.com/
    beijos e sucesso !

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