Capítulo 7. (parte quatro).

Sou apaixonada pelo lugar que meu pai mora. Desde pequena sou fascinada por Santa Teresa, bairro charmoso e conhecido por suas construções históricas e bondes que circulam pelas ruas. Lindo demais!
Tadeu estacionou em frente à casa azul de papai, e eu desci do carro sem muita pressa.
– Tudo certo entre o Fernando, você e Toni? – perguntou segurando meu rosto com as duas mãos.
– Não. – fui sincera.
– As coisas vão se arrumar. – meu querido motorista disse com tanta convicção, que peguei um pouco para mim.
– Obrigada.
– Pelo quê?
– Por ser um amigo tão bom. – digo abraçando-o.
Tadeu retribuiu o abraço com carinho.
– Então posso lhe buscar a noite?
– Não, eu vou dormir hoje aqui.
– Está certo. – dizendo isso entrou no carro.
Abri a mochila e não demorei a encontrar o meu chaveiro.
Assim que entrei senti logo o cheirinho de casa limpa, estava tudo muito organizado.
Sentei no sofá e coloquei a mochila do meu lado, o celular tocou no instante que tirei meus sapatos.
– Oi, Nina.
– Já fiquei sabendo da briga. – disse usando um tom muito sério. – Assisti ao vídeo também. Clara tentou esconder, mas vi.
Clara é assistente de Nina. Sabe aquela pessoa doce e super meiga? Então, Clara é assim.
– Desculpe-me por não ser comportada. Nem toda fofa e certinha, mas essa tal de Cléo me irrita demais. E ainda beijou o Toni. Garota nojenta! – bradei com rosto quentíssimo.
Deixei de fora o fato de a coisa loira ter falado de Madeleine.
– Mas explica como a briga começou.
– A Cléo viu o Toni e eu nos beijando.
– Ai, que lindo! – exclamou toda feliz. – Foi bom? Foram quantos beijos? Espera aí! Ele beija bem?
Soltei uma gargalhada. Nina parecia uma adolescente trocando segredinhos com as amigas.
– Foi bom sim. – falei rindo. – Foram três beijos.
– Nossa! Mas e aí?
– E aí o quê? – me fiz de boba.
– Ele beija bem?
– Ai, Nina...
– Ah, conta minha filha.
– Tá bom. Ele beija super bem! É um beijo especial.
– Oh, que fofa! Bom, tenho que ir trabalhar. O desfile está quase chegando. Conversamos mais depois.
– Está certo. – disse sorrindo. – Amo você.
– Também amo você, Pimentinha. Ah, vê se não bagunça a casa do seu pai, hein.
– Pode deixar. – falei rindo.
Peguei a mochila, meus sapatos e subi as escadas. Girando a maçaneta e empurrando a porta, entrei em meu quarto.
Tinha as paredes pintadas de roxo. No teto estrelas que ficavam florescentes à noite.
Depois de um longo banho frio, vesti um short jeans e uma camiseta.
Chegando à sala, abri as janelas e coloquei um CD do U2. Uma das bandas prediletas de papai.
Caminhava em direção a cozinha quando ouço a campainha tocar. Aproximei-me da porta e a abri com um sorriso.
– Oi, dona Patrícia. – cumprimentei uma das vizinhas mais bacanas do meu pai.
– Olá, querida! – exclamou com um sorriso enorme. – Vi as janelas abertas e ouvi a música, achei que Arthur tivesse voltado de viagem.
Papai é paisagista. Ama o que faz! Depois do casamento de Olivia, viajou para cuidar do jardim de um casal lá em Curitiba. Para vocês terem noção do quão excelente é o trabalho que ele e sua equipe fazem.
– Ainda não voltou.
– Está certo. Ah, estou com Leo. Quer ficar com ele?
– Claro!
Leo é o adorável labrador de papai. Mais fofo que ele, só o meu doce dálmata.
Quando Patrícia voltou, Leo veio correndo todo animado em minha direção.
– Eu estou de saída, Lucy querida. Tenho um chá na casa de uma amiga.
– Divirta-se!
– Obrigada. – disse sorrindo. – Mas uma coisa, você já almoçou?
– Não, mas vou fazer algo. Não se preocupe.
– Certo. Ah, você dorme hoje aqui?
– Sim.
– Que ótimo! – exclamou feliz. – Bom, eu devo voltar tarde. Sabe como é quando amigas se encontram.
– Sei como é. – disse sorrindo. – Não se preocupe com o jantar também.
– Mas quero que tome café da manhã comigo.
– Ótimo! Posso levar minhas amigas?
– Com toda certeza.
Dona Patrícia deu um beijinho em meu rosto e entrou em seu fusquinha lilás.
Aumentei um pouquinho só o volume rádio e caminhei em direção a cozinha acompanhada por Leo. Depois de prender meus cabelos num coque, comecei a colocar sobre a mesa tudo que iria precisar para fazer o almoço.
A campainha tocou outra vez e corri para abrir a porta. Sorri ao ver Moni e Gio.
– Leo! – exclamou Monique. – Que cachorro bonitão! – disse afagando seu pêlo.
– Oi, amiga. – falou Giovanna beijando o meu rosto.
– Oi, Pimentinha. – disse Moni fazendo o mesmo que Gio.
– Que ótimo que chegaram meninas. – disse fechando a porta. – Estou fazendo o almoço.
– Podemos ajudar? – perguntou Giovanna.
– Ah, você é tão bonitinha Gio. Em colocar as coisas no plural e nem perguntar a minha opinião. O correto é: Posso ajudar?
Giovanna lançou um olhar sério para Monique que se encolheu no sofá agarrada a uma almofada, e eu soltei uma gargalhada.
– É assim que você olha pro seu namorado, Gio? Por isso o garoto é todo bonzinho.
Não pude conter outra gargalhada.
– Muito engraçado Monique. – Giovanna disse séria.
– Estou brincando. Claro que vou ajudar também.
Com a ajuda das meninas o almoçou não demorou a ficar pronto.
E decidimos arrumar a mesa que fica no jardim. Composto por um gramado bem aparadinho, uma árvore com uma casa feita por papai, outra árvore repleta de acerolas, flores e mais flores. E também era cheio de borboletas. Uma beleza de jardim!
O almoço foi divertido e em momento nenhum fora mencionado o meu beijo com o Toni. Eu estava toda contente com isso. Mas quando chegamos à sala, e começamos a jogar videogame a pergunta surgiu.
– Vai contar ou não que negócio é esse de beijar o Toni? – perguntou Monique que estava sentada numa poltrona folheando uma revista de esportes do meu pai.
Pois é... Eu teria que explicar tudo! Fiz um resumo dos acontecimentos recentes. A discussão com Fernando, os beijos e o que deu inicio a minha briga com a Cléo.
– Devia ter contado sobre a briga com o Nando. – disse Gio largando o controle. Fiz o mesmo.
– É verdade. – Monique concordou. – Somos suas amigas.
– Eu sei, mas não quis envolvê-las nisso.
Monique levantou da poltrona e sentou no sofá perto de mim.
– Responde uma coisa? – Moni disse sorridente.
– O quê? – falei achando graça em sua expressão.
– O Toni beija bem?
– Sabia que ela ia pergunta isso. – Gio disse as gargalhadas. – Também quero saber.
– Ai, meninas...
– Fala! – exclamaram.
– Sim! Sim! – exclamei rindo. – É um beijo especial! Começa pela bochecha, pega o cantinho da boca, e então chega aos lábios. Começa lento e depois toma intensidade, mas sempre carinhoso.
– Nossa! Arrepiei! – Moni disse rindo demais.
– Uma coisa, a conversa está divertida, mas não podemos esquecer que é do Toni que estamos falando. – Giovanna disse séria. – O mesmo garoto que te alisou e disse não sei quantas gracinhas para você. – concluiu fazendo um coque em seus cachos castanhos.
– Eu sei disso tudo. Mas o Toni me pediu desculpas, e eu acredito nele. Vocês são minhas amigas, na verdade são como minhas irmãs. Então peço que fiquem do meu lado e apóie seja lá a decisão que eu tomar.
– Oh, Pimentinha. – disseram me abraçando. – Amamos você.
– Também amo vocês, gatas.
– Diz aí! Você está amando muito o Toni nesse momento? – Gio perguntou.
Peguei uma almofada e escondi o rosto.
– Oh, não! Eu preciso de uma câmera. Tenho que filmar e fotografar isso. – falou Moni. – Lucy corada por causa de um garoto.
Monique levantou foi até a janela e gritou com os braços para cima.
– Lucy Cagliari Montenegro está corada por causa de um garoto, minha gente!
Depois disso caímos na gargalhada. A tarde continuou tranquila.
A noitinha Nina veio com Madeleine e jantamos. Tivemos uma longa conversa no jardim.
Quando o jantar terminou Moni e Gio foram dormir. Cada uma ficou em um quarto, e eu fui para o meu. Vesti minha camisola de seda que fica na altura dos joelhos. Aproximei-me do computador, selecionei algumas músicas e deitei em minha cama. Leo deitou ao meu lado. Meu celular tocou quando a segunda música começou. Era papai. Conversamos por um bom tempo. Incluindo a briga com Cléo.
Achei que seria melhor falar sobre a discussão com Nando e os beijos com Toni, quando ele voltasse. Meu pai desligou e eu voltei a prestar atenção nas estrelas florescentes no teto. Mais uma música começou a tocar, o quarto estava um pouco escuro. Sendo iluminado apenas pelas luzes da rua. Estava quase pegando no sono, quando Leo deu um pulo da cama no instante que alguém entrou pela janela.
Levantei com pressa, tentei correr na direção da porta, mas o invasor me puxou pelo braço. Mesmo com a pouca iluminação pude ver a cor daqueles olhos que conhecia muito bem.
– Qual é o seu problema, garoto! – exclamei ainda bastante nervosa.
– Na verdade tenho problemas. Poderia fazer uma lista, mas prefiro dizer a solução de um deles.
– Qual?
– Você. – respondeu me puxando pela nuca e colando seus lábios nos meus.
Correspondi o beijo com igual intensidade. A música que começou a tocar serviu para embalar o momento.

3 comentários:

  1. "– Na verdade tenho problemas. Poderia fazer uma lista, mas prefiro dizer a solução de um deles.
    – Qual?
    – Você."
    UAU! Quem terá sido? Mega *curiosa* hahaha
    :*

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  2. AAAh, nããão. Quem é? Quem é? Queeeem é?

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  3. AI MEU DEUS, AI MEU DEUS, AI MEU DEUS!
    É O NANDO NÃO É? É O NANDO! EU TENHO CERTEZA. SÓ PODE SER ELE. AAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAA

    QUE COISA MAIS LINDA DA GALAXIA! TO PASSADA. ERA O QUE PRECISAVA PRA ESSE CONTO ME DEIXA AINDA MAIS LOUCA. AAAAAAAAAAAAAA

    QUERO MAIS, POSTA LOGO OK? SOCORRO!

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