Capítulo 7: Toni.

Estava acordada quando meu relógio despertou. Vestida com o uniforme, cabelos presos num rabo de cavalo e os olhos bem contornados com lápis preto. Aproximo-me da sacada, e observo tudo com atenção.
O céu bem azul, algumas nuvens e a adorável Sra. Catarina que tão cedo já estava saindo com seu cachorrinho para um passeio.
Por um momento uma lágrima escorregou por minha bochecha e tocou meus lábios, tinha gosto amargo. Mas amargo só a certeza de que Fernando não era mais meu amigo. A nossa amizade acabou. Fora o que ele disse com muita clareza.
Será que a nossa briga foi por um motivo bobo? E a frase dita por Nando: Coitado do garoto que se apaixonar por você!
Mais uma lágrima escorregou sem vergonha nenhuma por meu rosto. Mais uma vez tocou meus lábios, e defini o gosto que tinha. Era de: Palavras erradas machucam demais.
Sinto alguém me abraçar por trás, e sorrio ao constatar quem era só pelo perfume.
Viro-me e abraço Nina.
– Que ótimo que vai ao colégio, minha filha. – falou mexendo em meu cabelo.
– Admito que a minha vontade seja de ficar em casa. Mas não posso ferrar os meus estudos por causa daquele garoto! – disse tal frase com rispidez.
Nina me soltou e falou sorrindo:
– Você precisa conversar com o Fernando.
– Não quero falar com esse garoto.
– Vai chamá-lo desse jeito agora?
– Sim. – disse séria.
– Lucy...
– Nina, ele magoou os meus sentimentos.
– Você fez o mesmo com os dele.
Era verdade. Não precisava ter dito que ele só queria se aproveitar de mim. Logo o Fernando que me defendeu do Toni. Por um momento lembrei-me do nosso quase beijo. Será que eu teria deixado ele me beijar? Ou só falei isso para chatear o Nando?
Não sei. Quando na verdade a resposta deveria ser outra. Não, eu não deixaria. Mas sei lá! Confusa do jeito que estou, é difícil garantir alguma coisa. E preciso dizer que isso me irrita demais. Ficar confusa por conta de um garoto.
Que chato! Isso é tão menininha que escreve em diário enquanto escuta músicas melosinhas.
– Pensa direitinho sobre o que eu falei.
– Em conversa com aquele garoto?
– É, conversar com aquele garoto. – Nina falou rindo. – Agora vamos tomar café.
Nina estava quase saindo do quarto, quando eu disse.
– Quero lhe contar uma coisa.
Sentamos juntas em minha cama, e então comecei a contar tudo sobre Toni. Todas as gracinhas ditas por ele, e o meu receio de revelar tudo isso e estragar a amizade de Nina com os pais dele.
Ao terminar de dizer o que eu já vinha guardando há muito tempo, uma sensação de leveza surgiu. Para logo em seguida minha testa se franzir ao ver um sorriso largo nos lábios de Nina.
– Devia ter contado. E pode ter certeza que não estragaria nossa amizade. – falou colocando uma mecha de seu cabelo preto, atrás da orelha.
Puxei os cabelos ruivos e os olhos verdes de papai, assim como Madeleine. Já Olivia puxara os cabelos pretos e os olhos castanhos de Nina.
– Responde uma coisa?
– O quê?
– Você teria deixado o Toni te beijar?
– Eu não sei. – disse sentindo o rosto esquentar.
– Oh, está coradinha. Que fofa!
– Ai, não! – falei escondendo o rosto com as mãos.
– Vem cá sua boba! – disse me abraçando. – Lucy?
– O quê? – perguntei encarando seus olhos castanhos.
– Não se afaste do Toni. Se você quiser ser amiga dele, faça isso.
– Você sabe de alguma coisa que eu não sei, não é mesmo?
– Sim.
– O quê?
– Não posso dizer, mas foi o próprio Toni que contou e eu acredito.
– Está certo.
– Bom, vamos tomar café. Ah, tem uma surpresa para você.
– Só quero ver! – disse rindo.
Chegando ao jardim, acompanhada por Nina. Vejo Madeleine, Heitor e uma pessoa que eu não esperava ver no café da manhã.
– Bom dia. – Toni disse junto com minha irmã e Heitor.
Nina disse um bom dia sorridente, e eu fiz o mesmo.
– Você toca piano pra mim outra vez? – Madeleine pediu com sua voz fofinha.
– Claro lindinha. – Toni respondeu com cara de bobo.
– Também quero. – Nina falou rindo.
– Claro! Faço isso com o maior gosto.
O café prosseguia tranquilo. Até que Madeleine disse:
– Pimentinha, você tem o celular da Sofia?
– Não. Por quê?
– Quero muito falar com ela. Conversamos tanto na festa de noivado da Olivia, ela é tão fofa!
Só pode ser brincadeira! Minha irmã virando amiga da Sofia?
– Também gostei dela. Mocinha adorável. – disse Heitor bebendo um pouco de suco.
Não brinca!
– Ficou tão contente em me conhecer. Disse que acha incrível o meu trabalho. – Nina falou sorrindo.
Eu fujo de casa se a Rosa entrar no jardim dizendo que também amou essa garota metidinha. Para minha alegria Rosalinda não apareceu, mas fora outra coisa que fez meu sorriso sumir.
– Sofi vai me ensinar a cantar umas musiquinhas em francês.
Eu quase cuspi o meu café, e Toni prendeu o riso. Eu ouvi direito? A minha irmã lindinha que eu amo tanto chamou aquela garota de Sofi? É isso mesmo?! Que intimidade é essa?! Que coisa meiga é essa?!
Eu sei que a Madeleine é uma graça e que dá vontade de apertar suas bochechas cheias de sardas fofas, mas a irmã é minha!
Será que não fica feliz em ter conquistado aquele garoto? Agora tem que ser toda docinha com minha ruivinha?
– Eu posso lhe ensinar!
– Mas...
– Ah, sim. Ela é fofa, não é isso?! Quer saber, com licença!
Saio do jardim a passos firmes, precisava me acalmar. Do contrário começaria a sair fumaça dos meus ouvidos, tamanha era a minha irritação. Estava quase entrando na biblioteca, quando alguém segura o meu braço. E pelo que eu senti, sabia muito bem quem era.
– O que você quer Toni? – perguntei encarando seus olhos.
– O que foi aquilo tudo? – perguntou rindo. – Todos perceberam como você gosta da Sofi. – completou com um sorrisinho.
– Não me irrite!
– Claro que não! Pois não quero chegar ao colégio com um olho roxo.
– Muito engraçado.
– Ah, Pimentinha. Deixa as coisas assim mesmo.
– Assim como?
– A Sofia com o Fernando, e nós dois ficamos juntos.
– Nossa! É a realização de um sonho. Você todinho meu! Beija-me, te quero, oh, baby!
Toni mordeu o lábio superior e se aproximou.
– O seu sarcasmo é tão gostoso, ruiva.
– Mantenha distância. – falei dando alguns passos para trás.
Toni me puxou para bem perto.
– Responde uma coisa? – ele disse.
– O quê?
– Você teria deixado eu te beijar?
Agora é um bom momento para fazer uso de uma resposta rápida. Qual é mesmo? Ah, sim! Não, eu não deixaria você me beijar. Então é só eu abrir a boca e dizer. O que não fiz ainda, o que explica o sorriso largo de Toni.
Lucy Cagliari Montenegro! Responde logo!
– Não.
– Tem certeza?
– Tenho. – falei entregando toda minha incerteza no meu tom de voz mole demais.
– Digo isso, pois daquela vez você fechou os olhos quando eu me aproximei.
– Talvez tenha sido por... É... Bom...
– Você não tem argumentos, não é?
– Nenhum. – respondi sorrindo.
Toni segurou meu rosto com carinho. Aproximou seus lábios e beijou a minha bochecha, nos encaramos por um instante. Ele voltou a se aproximar.
Meu coração acelerou quando o cantinho da minha boca foi beijado.
Toni. – deixei escapulir num sussurro.
– Aí estão vocês! Assim vão chegar atrasados. – falou Nina.
– Bom, vou pegar a mochila na biblioteca. – Toni disse.
– Oh, não! Eu atrapalhei alguma coisa?
– Você chegou ao momento certíssimo!
– Ele ia te beijar?
– Sim.
– Ai, que lindo!
– Que lindo o quê!
– Vamos que o Tadeu está esperando no carro.
Em frente a nossa casa, Nina me olhava com uma expressão divertida.
– O que foi? – perguntei sorrindo.
– Você gosta do Toni.
– O quê? Não!
– Ele também gosta de você. Oh, vocês ficam tão lindinhos juntos.
Soltei uma gargalhada.
– Que nada!
– Admita que você gosta um pouquinho dele.
– Oh, Nina. Não quero falar sobre isso.
– Ai, que fofa! Está corada.
– Isso é tão bobo! Ficar corada por causa de um garoto. Isso não combina comigo.
– Que bobagem, minha filha! Se deixe envolver por esse sentimento bonito. Amor.
– Amor? Mas o Toni não me ama.
Nina apenas me olhou com um sorrisinho.
– Ai, que coisa! Conta o que você sabe sobre ele.
– Não posso!
– Desculpa a demora. Estava falando com a Madeleine.
Nina deu um beijo no rosto de Toni que foi logo entrando no carro.
– Se rolar um beijinho, eu quero saber. – disse me abraçando e depois beijando o meu rosto.
Entro no carro sorrindo. Por um momento lembrei-me da frase dita por Nina:
Se deixe envolver por esse sentimento bonito. Amor.
Toni tocou meus dedos, e fomos até o colégio de mãos entrelaçadas.
– Tenham uma boa! – falou Tadeu.
– Obrigada.
– Valeu!
Aproximei-me do portão com Toni, que ainda segurava a minha mão.
– Bom dia. – cumprimentou o porteiro.
– Bom dia, Juca. – Dissemos juntos.
– Estudem direitinho, hein!
– Pode deixar. – dissemos.
Subimos as escadas com calma.
– Posso levar sua mochila para sala? – Toni perguntou.
– Não precisa.
– Faço questão.
– Obrigada. Bom, eu já lhe encontro lá. Tenho que fazer uma coisinha antes.
– Está certo.
Voltei correndo até a portaria e perguntei a Juca se Fernando já havia chegado. Ele respondeu que sim. Eu pensei no que Nina disse, e eu tinha que dar um jeito nessa situação chata. Nando e eu já somos amigos há tanto tempo. Nossa amizade não pode acabar assim. Ele me magoou, eu fiz o mesmo com os sentimentos deles. Mas estou disposta a resolver isso.
Entrei na Sala dos Alunos e avistei uma coisa que fez o meu rosto esquentar. Mas dessa vez não fora de vergonha.


Comédia! A Lucy com ciúmes da irmã, e se aproximando a cada dia mais do Toni. A torcida de vocês é por quem? Nando ou Toni?
Beijos! Linda semana!

7 comentários:

  1. O Nando é tão fofo com a Lucy, mas na minha opinião, não vale a pena estragar uma amizade por causa de um amor. Por mais verdadeiro que ele seja, eu não acho que seja certo. E não tem porque não dar uma chance ao Toni. A gente tem que dar uma chance ao amor, não custa nada. Feridas cicatrizam.

    ResponderExcluir
  2. Aiaiaiai! Prefiro o Toni...concordo com a Larissa. :D

    ResponderExcluir
  3. Awn, ainda prefiro Nando. Coitado, sempre lutando por ela...

    ResponderExcluir
  4. *--* Eu ainda tô preferindo o Fernando... Acho bobagem isso de estragar amizade. Só estraga se não houver franqueza,e se as partes envolvidas se deixarem perder...

    ResponderExcluir
  5. Que reviravolta foi essa?
    Para mim apesar da amizade duradoura do Nando e da Lucy o tempo só amadureceu um sentimento muito maior do que isso. Acho que o Toni quer mais é fazer alguma sacanagem com a Lucy.

    A espera do próximo capítulo.
    :*

    ResponderExcluir
  6. Já até sei o que ela viu. No mínimo foi o Nando beijando a Sofia ou ele fez alguma coisa bem fofa pra ela, sabendo que ela iria pedir desculpas depois. Só que ainda acredito na primeira opção.
    Não quero Toni e Lucy juntos, só isso. Me irrita só a ideia desse "love" todo entre eles dois. Nando e Lucy sempre s2

    Beijinhos, se cuida s2

    ResponderExcluir
  7. Finalmente consegui acompanhar, Joyce! haha
    Olha, vou te contar... Quata coisa aconteceu! Sabe, acho que a Lucy está exagerando um pouco. Se ela gosta mesmo do Nando, se sente que é mais que uma amizade, por que fica enrolando o rapaz?! Acho bem feito se ele ficar com a Sofia! xD Mas, vamos ver como se desenrola. Não acho que o Toni gosta dela não, mas aquee beijo de canto de boca foi uma delícia de ler! rs

    Beijokas =*

    ResponderExcluir

- Comentários moderados. Não aceito nenhum que seja anônimo.

- Não faça propaganda, se quiser deixar seu link é só comentar fazendo uso da opção nome/url

Obrigada e volte sempre! Paz!