A carta. (Segunda parte).


Sentada no banquinho verde da praça, tentava me distrair observando umas criancinhas fofas brincando. Já havia comido dois sacos de pipoca doce, olhei para o meu relógio. Tenho certeza que os ponteiros moviam-se de maneira lenta só pra eu ficar nervosa, a brisa fresca brincava com meus cabelos.
Pessoas sorridentes passavam com seus cachorros a todo instante, eu tinha colocado minha roupa predileta para o dia da carta de amor. Mais um saquinho de pipoca, outra olhadinha no relógio... E começo a pensar, que estava fazendo papel de boba apaixonada.
A brisa fresca mudou para vento forte e o céu azul começara a ficar num tom diferente. Sinto um pingo cair em meu colo, mais uma gotinha, mais uma e então tudo transborda. Se fez chuva forte em meus olhos também.
Agora na praça só tinha eu e minhas lágrimas, choraria tudo ali mesmo. E tentaria esquecer o que escrevi na carta, nas pautas azuis... Relatei que pela primeira vez, consegui entender o que são borboletas dançando no estômago. Que sinto arrepios em pleno verão, que sinto minhas bochechas corarem toda vez que ouço o nome dele. Que o amor que fora despertado me tornou mais corajosa, a ponto de me declarar por meio de palavras. Muitas coisas bonitas foram dentro daquele envelope.
Eu já estava bastante ensopada e a roupa molhada incomodava demais, me dei conta que o menino dos olhos castanhos não apareceria mesmo. De certo jogou meus sentimentos em letras no lixo, decidi que tinha que voltar pra casa.
Levantei do banco com toda calma e caminhei de cabeça baixa.
-Você não acha que vai pegar um resfriado?!
Quando levantei os olhos, pude reparar que Bruno também estava todo ensopado.
-Estava esperando você.
-Li tua carta.
Senti meu estômago dar voltas.
-O que você tem a dizer?!
-Tudo o que está escrito é sério mesmo?!
-Cada linha. Nunca senti nada igual por ninguém.
-No verso da carta havia uma pergunta.-disse Bruno com as mãos nos bolsos.
-Se você me daria uma chance.
Bruno abaixou a cabeça e depois voltou a encarar meus olhos chorosos.
-Todas que você quiser!-completou com um sorriso largo.
Nos aproximamos e um beijo aconteceu. Doce e longo. Todo meu receio já nem exista, estava amando e o melhor... Sendo amada de volta.




Nota aos queridos leitores: O conto só tem duas partes mesmo. Espero que tenham gostado!

3 comentários:

  1. AAAAAH, morri. Sério, que texto lindo, perfeito. Sabe, nunca consegui descrever uma cena de amor que pudesse parecer real, verdadeira e não forçada, novelística mas, você conseguiu e ficou tão perfeita...

    Ameei mesmo. Beeeeijos

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